segunda-feira, 14 de março de 2016


14/3


   Eu ainda sou pequena?

          Se avaliarmos isso no ponto de vista de minha idade, sim sou grande, no ponto de vista de um adulto, é sou média, no ponto de vista de Hisvetlanah, eu sou enorme.

          Então o que nós somos? É a grande questão, que vários cientistas tentaram resolver com o passar dos séculos a RESPOSTA ainda não está clara, mas eu acho que a encontrei.

         Na aula de português, é onde eu respondia a esse enigma misterioso, a resposta dos seus, eu nem havia, percebido que ela sempre esteve ali, só que não conseguimos enxerga-lá, literalmente.

         A aula tinha começado, a professora chegou, com um sorriso na sala, com cara de quem não viu um resultado bom na PT, ainda bem que não era hoje que iriamos recebe-lá. Essa informação fica para o registro de amanhã.

       Eu estou enrolando demais, começamos com a leitura dos registros diários. Após a leitura começamos o nosso conteúdo, VERBOS IRREGULARES. Que são aqueles que sua conjugação muda, diferentemente da maioria dos verbos, como os verbos ir, e ser, exemplo: verbo ir: Eu vou, Tu vais, Ele vai, Nós vamos, Vós ides, Eles Vão. A uma flexão enorme monstro aqui!!!!!!!!!!!

        Quando inventaram nossa língua, por que não fizeram algo mais fácil só pra variar?

        Ficar estudando conjugações não é comigo, e eu acho que não é pra ninguém.

        Fiquei pensando o tempo que a professora ficou estudando para conseguir se formar, deve ter demorado uma eternidade vezes dez. Isso não é o MEU futuro, eu não tenho a mínima da máxima paciência com absolutamente nada. Olha eu enrolando de novo. A professora falou para nós o verbo SER, e nós tínhamos que conjugar no presente do indicativo:

        - Eu... - falou a professora.

        - Sou! - respondeu a classe em couro.

        - Tu...

        - És!

        - Ele...

        - É!

        - Nós...

        - Somos!

        - Vós...

        - Sois.

        - Eles...

        PAUSA, foi ai que eu cometi um erro mais que terrível, em quanto todos da classe falavam como resposta: São. Eu cometi o grave erro de falar É.

        Todos começaram a me menos presar, dizendo:

        - Você não sabe de nada!

        - Você não presta!

        - Vê se fica quieta, e deixa agente estudar!

        A professora não havia percebido, e assim uma lagrima escorreu em meu rosto, comecei a encolher, literalmente, a encolher e encolher. Eu acho que me senti tão mau que não consegui mais ter uma razão para existir.

        FATO: Eu estava encolhendo.

        FATO: Eu continuava encolhendo.

        FATO: Será que isso era possível?!

        FATO: Alguns cientistas, acreditam que exista vários micro universos dentro de uma única célula, e parece que foi isso que havia acontecido, eu havia voltado pra escola. Mas por que para escola? Eu já não estudei bastante por hoje, não é?

        - Está feliz universo? - gritei - Estou na escola!

        Mesmo me derretendo em lágrimas, por algum motivo estava de pé, na calçada, na frente daquele enorme colégio. O sinal tocou, mas não parecia haver nenhum sinal de vida lá dentro. O céu estava nublado. Crianças, adolescentes e adulto começaram a chegar, sem expressão alguma no rosto, só um sorriso forçada, um lápis, um caderno e uma caneta na mão. Sem trazer mais nada, sem barulho, sem discussão. Pareciam até espíritos vazios sem vida. Uma menina me empurrou até a parede, e sem tirar o sorriso do rosto, falou entre os dentes:

        - Quem é você?

        Pausa, e foi ai que me deparei primeiramente com essa questão, mas o que eu iria descobrir, nem eu sabia quem eu era. Meu rosto ardia por culapa das lágrimas, ´só por causa daquele maldito erro de português, parece bobagem, mas tente se colocar em meu lugar, nem venha com esse papo de: Eu faria diferente. Que isso não dá certo.

        - Eu sou... Eu...

        - Falamos lá dentro. - interrompeu.

        Entramos no colégio, fomos até uma sala, eu acho que é a sala da Monica, no país miniatura. Ela me empurrou para dentro, e repetiu a pergunta, mas dessa vez, falando como uma pessoa normal:

        - Quem é você?

        - Letícia.

        - Estranho, nunca te vi por aqui.

        - Eu sou nova.

         - Nunca a ninguém novo na escola do Sorriso.

        - Sorriso? - perguntei, por algum motivo ainda não parava de chorar.

        - Sim sorriso

        - Nome meio estranho, não acha.

        - Eu não tenho que saber nada, só quero saber pra quem você trabalha.

        - Pra quem eu trabalho? - isso me deu um susto tão grande que minhas lágrimas cessaram.

        - Sim, pra quem você trabalha.

        - Eu sou criança, não trabalho.

        - Ela está limpa, processo de purificação, 00497, ativar.

        O chão se abriu sobre meus pés, logo estava em uma sala coberta por teclados e computadores, parecendo uma máquina Aliem. Logo a garota estava ao meu lado, com um tipo de roupa ninja, preta, parecendo aqueles filmes da resistência.

        - Faço parte de resistência.

        - Eu sabia! - exclamei. - Mas resistência sobre o que?

        - Contra o sorriso.

        - Sorriso?

        - Sim, sorriso.

        - Eu intendi, mas sorriso?

        - Eu sou Hisvetlanah, faço parte de uma resistência que tem como objetivo libertar as pessoas, contra o sorriso...

        Eu abri a boca pra falar.

        - ...

        - Não interrompa, eu estou explicando ainda, sorriso é uma organização que controla tudo e a todos, e força que todos vivam felizes pelo resto da vida. E blá - blá - blá. Papo furado papo furado, o sorriso é muito forte. Não deixa as pessoas viverem a vida, se divertirem, tudo aqui é programado. Ele seqüestrou o Akumanos, um pássaro sagrado que se erguia ao amanhecer, trazendo o Sol a todos, o nosso criador. - vi só pela sua expressão, que ela teve uma perda trágica. - Eu... - seu rosto se encheu de lágrimas. - Varias de minhas companheiras... Bom... Não voltaram mais, tentando detê-lo, agora só restou a mim.

        - UOU.

        - Você quer se juntar a mim para minha última batalha? Eu já não sirvo pra nada, não tenho mais razão para viver.

        - Eu topo.

        - Perfeito. Protocolo 951753, nave 852741 iniciação.

        - Eu posso ganhar uma roupa igual a sua. Por favorzinho?! - fiz aquele olhar de cachorro pidão.

        - Não.

        Entramos em uma nave pequena, só dava pra sentar, nem espreguiçar eu conseguia, coloque os cinto e partimos, uma rampa se abriu na parede. Partimos a nossa aventura. Pousamos em um prédio alto, chegando lá achamos varias pessoas com aquelas roupas ninja, que eu não tinha! :( , ó tristeza. Essas pessoas estavam em cativeiro, em um tipo de gaiola de vidro, abraçando um pássaro de três metros com penas dourada.

        - São...

        - Sim são eles.

        Tentou abrir a parede, batendo inutilmente seu punho no vidro. Alguém chegou, melhor alguma coisa chegou. Um computador com, dois pontinhos e um traço no meio, parecia um rosto. O computador tinha mãos e pés. E estava vindo em nossa direção!

        - Se quer tanto se juntar a suas amigas então vá! - falou aquela maquina sinistra. A parede por um instante se desmaterializou, e Hisvetlanah foi puxada pra dentro. Só eu estava lá, sozinha, e aquela questão voltou a minha cabeça: Quem sou eu? Eu fiz uma coisa inesperada, corri para trás do computador e puxei os fios. Pronto problema resolvido. Eu esperei alguma reação, mas não aconteceu nada, espera, eu ganhei, EBÁ!

        - Por que vocês não pensaram nisso antes?

        - Disso eu não sei, somos umas burras mesmo, você derrotou o sorriso sem nem fazer esforço. - disse Hisvetlanah.

        - Esse era o sorriso?

        - Sim.

        Descemos do prédio, nas costas do Akumanos, ou seja lá o que for. Ele foi até o céu e mostrou suas gloriosas assas que limparam o céu das nuvens. Eu comecei a crescer, cada vez mais, e logo estava na minha dimensão novamente, o sinal tinha acabado de tocar, e assim respondi aquela pergunta: Quem sou eu?

Resposta: Eu sou EU!

 

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