30/3
Eu
tinha saído da aula de educação física ofegante depois de todo aquele
corre-corre a aula inteira. Subi com minha mala até o terceiro andar e me
dirigi até a sala com um sorriso no rosto. Eu adoro a aula de português, a
professora é legal, além de dar muitas dicas e modelos para continuar a
escrever meu livro. Eu acho que vou acabá-lo até o fim do ano, vai ser a maior
felicidade do mundo, imagina participar mesmo que seja só um pouco da história
do mundo?
Vai
ser um sonho realizado.
Voltando
estava na sala, à professora chegou, e em seguida falou:
-
Nós vamos faze a aula de português na quadra hoje.
Só
de pensar nisso comecei a bater a cabeça na mesa, não tinha mais forças para
permanecer de pé. A Sophia olhou pra mim com uma cara cética, e sarcástica, ela
já me conhece há muito tempo eu sei, mas eu acho que ela não compreendeu minha
linha de raciocínio.
Ontem
eu fiquei acordada até tarde fazendo “minhas atividades”, eu tive que costurar
uma bolsa para minha avó (demorou muito!), Fazer a lição de casa, ir para a
aula de dança, além de muitas outras coisas. Eu só não estava dormindo, pois
consegui dormir um pouco no carro.
Descemos
até a quadra, e pela segunda vez teria de fazer aula com os meninos! É deixou a
aula um tanto mais interessante do que já é. A professora disse:
-
Vamos corrigir os exercícios oralmente, e em seguida explicação dos verbos
irregulares, e cobrança de pênaltis.
E
assim se fez, fizemos a correção dos exercícios sobre Anne Frank, eu gosto
particularmente da história, pois pela simples ação de escrever um diário, de
desabafar no papel, se tornou “famosa” após a publicação de seus registros.
Viu!
Eu falei! Você não precisa jogar na copa do mundo para ser famosa, mas não,
mais de meio mundo não acredita em mim.
As
maiorias das perguntas eram pessoais, o que tornou uma lição de casa um tanto
mais fácil comparando com as anteriores, e a flexão de respostas foi
interessante. A Sophia escreveu uma big mega resposta, isso mesmo que eu escrevi
big mega, sobre o que é escrever um diário. Ela fez uma resposta bem
interessante.
Ela
conseguiu escrever meu sentimento ao sentar na frente do computador e começar a
digitar. Tem uma hora do meu dia que isso se torna necessário, minha imaginação
começa a transbordar e eu não consigo mais focar em nada, e quando chega esse
momento, pego meus fones de ouvido, coloco uma música qualquer, e uma idéia que
poderia se tornar um livro vira uma simples história, que todos escrevem em
seus registros diários.
Após
a correção a professora fez uma apresentação oral sobre o que é um advérbio,
depois nos dirigimos ou gol, a professora faria uma pergunta e se não
respondesse pelo menos cinqüenta pó cento certo não tem o direito de chutar.
Eu
me voluntarie para ir ao gol, como goleira, lógico, adoro ser goleira, o que
até hoje não entendi o porquê.
O
primeiro da fila foi até a linha e a professora fez uma pergunta:
-
O que é um advérbio?
E
o aluno com um pouco de hesitação de poucos segundo, que para mim foram uma
eternidade, um momento que um dia fora pouco hoje me vejo vendo o passar em câmera
lenta sobre meus olhos, ele poderia responder a qualquer momento e eu não sabia
se estava preparada, o sol estava em um ângulo que ofuscava meus olhos, e o
calor me abatia como um deserto invisível. Até que em fim seus pensamentos se
clarearam, e respondeu:
-
É uma palavra invariável que complementa o sentido de um verbo, um adjetivo ou
outro advérbio, indica circunstância.
Ela
levantou sua mão, como os grandes imperadores do império Romano. Se fosse um
joinha pra baixo, errou um joinha pra cima, é considerável.
Sua
mão, como escrevi antes se levantou para mostrar seu veredito final, e para
minha quase surpresa ela fez um joinha pra cima.
O
aluno chutou a bola, só que o tempo parou nos meus olhos, vi a empolgação de
todos atrás esperando a sua vez na fila, com expressões nunca vistas na
história da Terra, sabe com aquela cara entre laranja estrada e pão amanhecido.
Eu
vi a expressão da professora demonstrando certa dúvida sobre se eu iria segurar
a bola ou não. Isso só o tempo sabe.
E
por último vi a mim mesma, como uma pequena criança, com medo sobre o que o
mundo me mandaria como desafio desta vez, será a superação da derrota ou a
comemoração da vitória. O calor escorria em meu rosto em forma de suor, não sei
se foi por causa da pressão ou se é porque eu estava usando um casaco de linha
e o meu cabelo absurdamente quente.
Mesmo
aquela bola de fogo resplandecente lançada aos seus, quando? Inda não se sabe o
registro.
Naquele
importante e exclusivo momento pude perceber mais sobre o mundo a minha volta,
do que nesses últimos quase doze anos. O tempo descongelou com a mesma
facilidade que tinha se congelado na minha mente.
A
bola se aproximava cada vez mais, e pelo meio de minhas mãos a bola passou
fazendo um gol. Admito, fiquei decepcionada, aquela que á de me vencer foi
ninguém mais, ninguém menos que minha amiga Sophia.
Mesmo
me sentindo magoada por dentro, eu me sentia feliz pela vitória da minha
miguchinha, ela entrou no gol com determinação de que iria se tornar rainha, e
até mais empolgação do que uma pessoa que ganhou na mega-sena.
Quando
estava me dirigindo ao fim da fila, a professora falou:
-
Vá Letícia é sua vez.
-
Mas, professo...
-
E a sua vez, por favor, vá ao começo da fila.
Ouvi
alguns gemidos, protestando contra isso, aqueles que já tinham esperado.
A
professora perguntou:
-
O que é uma Locução Adverbal?
Minha
mente parou, quando isso acontece penso em micro-pastas organizando meus
pensamentos. Abri a pasta escrita: advérbios. Mas os registros atuais já tinham
sido apagados, que porcaria de cabeça que não consegue nem guardar informação recente.
Olhei
para os lados tentando achar alguma coisa que poderia me lembrar da resposta.
Olhei para a blusa da professora e li a frase: Eu sempre vivo a vida com
alegria.
Espera
“com alegria” é uma locação adverbial, me lembrei de todas as explicações como
em um passe de mágica, e respondi:
-
Locução adverbial é quando duas ou mais palavras unidas formam a mesma idéia transmitida
por um advérbio.
Ela
levantou a mão e fez um joinha para baixo, e me dirigi até o fim do fila. Meus
ouvidos se desligarem, imaginei-me com meus fones de ouvido ouvindo uma música
para pelo menos isso tentar me animar. Mas logo acordei para a realidade de
novo, quando alguém encostou a mão no meu ombro.
Era
a Isadora. Que começou a falar. Só eu estava tão concentrada na derrota que nem
ouvia o que ela tinha a dizer. A Julia começou a me chacoalhar, e só ai que eu
tirei os fones de ouvido invisíveis que logo depois viraram vento em minhas
mãos.
-
Acorda que a vida só se vive uma vez! – disse Isa.
-
Eu estou acordada! – respondi.
-
Você poderia ser uma astronauta. – disse Julia.
-
Mas por que você diz isso?
-
Por que você sempre vive no mundo da lua.
-
Faz sentido.
-
Me lembra dessa depois pra eu falar pro meu irmão. – disse Isa. – Há... O que queríamos
dizer pra você. O lha pra trás!
E
bem atrás de mim a professora estava com o polegar levantado, Eba um joinha
positivo.
Com
um andar pesado, mas acelerado, andei até a linha de pênalti, e com a maior concentração
do mundo, foquei-me no meu objetivo, os fones de ouvido invisíveis se materializaram
na minha mão, eu os coloquei e avancei em direção do gol.
E
com um chute perfeito consegui fazer um gol, que felizcidade, eu sei que não é
assim que se escreve, mais eu falo assim, para representar que quando minha
energia alimentada pela felicidade se enche consigo abastecer cidades inteiras.
E
assim mantive minha posição, a aula acabou, mas que decepção. Eu fui em direção
a sala correndo comi meu lanche, e agora meus fones de ouvido de verdade, me
sentei na biblioteca e comecei a digitar, algo que eu tenho certeza que as oito
e meia da noite devo estar fazendo de novo relatando essa experiência.
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